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DEBATES SOBRE GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS ÚLTIMAS CONFERÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

Desde os anos 1980 (a partir de 1986) acompanho debates sobre educação no Brasil. Pude acompanhar como temas novos foram sendo acrescentados, novos complementos foram sendo feitos a partir da inserção de diferentes grupos e suas diversidades nas lutas e nos debates.

Gostaria de trabalhar neste artigo alguns itens sobre a temática gestão democrática, dando continuidade ao artigo anterior publicado no blog, a partir das seguintes categorias: mobilização e participação da comunidade externa; controle social; participação da comunidade escolar; redes de proteção; processos democráticos.

O que apareceu nas últimas conferências?

1) Em relação à mobilização e participação da comunidade externa aparecem como demandas recorrentes:

  • criar estratégias de ampliação e dinamização da participação da população (pais, vizinhos, organizações sociais) no processo de discussão e acompanhamento da escola;
  • exercitar o direito à participação, com respeito à diversidade de pessoas (classe social, etnia, gênero) e de opinião, na composição e funcionamento de conselhos, associações de pais, associações de professores, estudantes e organizações sociais;
  • dialogar sobre os pontos polêmicos, não se fechando para o debate, a fim de que as pessoas expressem as suas opiniões e se permitam falar para a escola de suas reais necessidades e preocupações com a instituição, colocando-se esta na posição de ouvinte, aprendente da escuta;
  • usar mídias para ampliação da participação sobre a escola e a política educacional, mediante audiências e debates online ou em outros formatos;
  • permitir acesso da comunidade às áreas de lazer da escola, aos finais de semana e feriado com acompanhamento e monitoria das atividades;
  • incentivar e criar condições de participação dos pais e vizinhos da escola nos seus eventos (reuniões, festas, conselhos de escola, APM);
  • articular os ativos públicos e privados (praças, terrenos ociosos, parques) do entorno das UES ao espaço da escola de forma a otimizar os recursos existentes com a utilização na realização de estudos, pesquisas, atividades de arte, esportes e eventos;
  • promover congressos de pais;
  • propor escola de pais;
  • criar centros de integração da comunidade escolar em que as comunidades externa e interna, articuladamente, possam participar e deliberar sobre assuntos pertinentes à educação e a outras áreas que envolvam a socialização e o desenvolvimento do entorno da escola.

2) Em relação à transparência das informações públicas e ao controle social destacam-se:

  • garantir liberdade de expressão e de opinião sobre o funcionamento das instituições;
  • combater todo processo que amordace o trabalhador da educação e o aluno;
  • disponibilizar irrestritamente informação sobre educação dos e nos diversos entes federativos;
  • criar portais e ferramentas de acompanhamento e monitoramento dos sistemas e escolas;
  • fortalecer conselhos fiscalizadores.

3) Em relação aos Conselhos Escolares e à participação da comunidade escolar propõem:

  • apoiar e criar mecanismos de mobilização e participação efetiva da comunidade escolar nas tomadas de decisões, auxiliando o grupo escolar no desenvolvimento de seus projetos e na elaboração dos mesmos, garantindo assim gestão democrática participativa que proporcione um ambiente acolhedor e facilitador no desenvolvimento do trabalho pedagógico para alcançar metas com eficiência, além de promover vínculos de afetividades;
  • implementar conselhos escolares propositivos;
  • fortalecer a ação articulada entre conselhos escolares em prol da gestão democrática em educação na cidade;
  • criar conselhos de representantes dos conselhos de escola;
  • realizar rodadas municipais sobre o trabalho dos conselhos, abertos para a participação da comunidade e com transmissão via internet;
  • garantir que o horário de reunião dos conselhos de escola seja à noite ou aos sábados, de forma que esses encontros não interfiram na rotina escolar e, ao mesmo tempo, viabilizem a participação de toda a comunidade nas discussões concernentes a cada unidade escolar;
  • realizar programas sistemáticos de capacitação/formação de conselheiros escolares da cidade, contribuindo para o fortalecimento do exercício dessa função política, importante numa sociedade democrática;
  • incentivar a criação e o funcionamento de associações ou agremiações estudantis;
  • garantir autonomia de conselhos.

4) Em relação às redes de proteção algumas propostas que aparecem sistematicamente:

  • fortalecer redes de proteção da infância e de adolescentes;
  • garantir condições socioeconômicas para acesso, permanência e conclusão de estudos dos cidadãos inseridos na modalidade EJA;
  • criar redes de proteção social em todas as cidades e regionais com a presença de assistentes sociais, profissionais nas áreas de saúde, tais como: psicólogos, fonoaudiólogos, dentistas e oftalmologistas.

5) Em relação aos processos democráticos que também aparecem com conteúdo implicito das demais propostas:

  • prover a UE de autonomia para reorganizar o quadro de funcionários, de acordo com a necessidade da escola;
  • realizar o processo de definição do diretor considerando a competência técnica para exercício do cargo, a realização do concurso público como forma de provimento e que esse cargo faça parte da carreira do magistério – parte tem esse pensamento;
  • realizar eleição direta para a escolha da diretoria da escola, com a participação da comunidade – parte pensa desta forma.

Como tudo isso se transforma em participação efetiva que contribui para elevar a qualidade da educação pública, em tempos de necessidade de se reconceituar  a própria educação?

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